Prazeres compartilhados durante o isolamento

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Meu vizinho, há cerca de uns 2 meses, começou a tocar flauta.

Agora, todo fim de tarde, mais ou menos às 16h, somos tocados pela doce melodia que vêm da casa ao lado do meu apartamento. Quando ele começa a tocar, me levanto e vou regar as plantas, fazer um chá, e ficar olhando pela janela, na espera de ver aquele que torna minhas tardes mais leves. Essa espera não é ansiosa, é esperançosa.

Será que ele imagina que tem em seu sopro o poder tão grande de transformar os dias alheios? O início da melodia que ele produz me ajuda a marcar o ritmo dos meus — ou desmarcar ritmos e viver, por um curto período de tempo, num contra ritmo.

Alguns prazeres podem ser compartilhados e a arte é o meio que encontramos de tocar as pessoas. Especialmente agora.

Texto escrito por Barbara Albuquerque do Corpo de palavra

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